A importância da mudança de paradigma da deficiência

Historicamente, a deficiência foi encarada a partir de uma perspetiva médica e assistencialista. A pessoa com deficiência era frequentemente vista como “doente”, “incapaz” ou “dependente”, sendo reduzida à sua limitação física, sensorial, intelectual ou mental. Este modelo ignorava o contexto social e as barreiras criadas pelo próprio ambiente.

Hoje sabemos que a verdadeira barreira não está na pessoa, mas sim na sociedade: na falta de acessibilidade, no preconceito e na exclusão.

Nas últimas décadas, contudo, tem vindo a afirmar-se um novo paradigma: o modelo social da deficiência. Este entendimento defende que a deficiência não está apenas no corpo ou na mente da pessoa, mas principalmente nas barreiras físicas, atitudinais, comunicacionais e institucionais que a sociedade impõe. A verdadeira limitação está na falta de acessibilidade, no preconceito, na invisibilidade e na exclusão que impedem a participação plena das pessoas com deficiência na vida em comunidade.

Esta mudança de paradigma é essencial para promover a inclusão, a equidade e o respeito pela diversidade. Quando a deficiência é entendida como uma questão de direitos humanos e de justiça social, passamos a reconhecer as pessoas com deficiência como cidadãs de direitos, protagonistas das suas próprias vidas, e não mais como meros objetos de caridade ou de pena.

Em Portugal, a Pais 21 – Down Portugal tem tido um papel fundamental neste processo. Através da sua ação incansável, a nossa associação tem contribuído para sensibilizar a sociedade, derrubar estigmas e defender uma visão mais justa e inclusiva da deficiência. O trabalho da Pais 21 – Down Portugal tem dado visibilidade às pessoas com trissomia 21, reforçando a ideia de que a diversidade humana é uma riqueza e que todos têm direito à autonomia, dignidade e plena participação social.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU, ratificada por Portugal com valor constitucional, reforça este compromisso, obrigando o Estado e a sociedade a garantirem acessibilidade, educação inclusiva, trabalho digno e participação plena em todas as áreas da vida social.
Assim, mudar o paradigma sobre a deficiência é um passo fundamental para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e democrática. É reconhecer que todos, sem exceção, têm direito a viver com dignidade, respeito e igualdade de oportunidades.

Uma sociedade inclusiva constrói-se quando reconhecemos que as diferenças nos tornam mais fortes.

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