A vida adulta corresponde muitas vezes à entrada no mercado de trabalho.
Afinal, pessoas adultas são independentes têm responsabilidades e geralmente um emprego.
Gostaríamos que também assim fosse com todos os jovens com t21, infelizmente sabemos que ainda são poucos os jovens com t21 que têm um emprego. A maioria dos jovens quando chegam aos 18 anos, acabam a escola sem qualquer perspetiva de futuro. As consequências desta situação para a autoestima de um jovem que até este momento teve uma vida ativa podem ser dramáticas.
Devemos ter consciência que o projeto de vida de uma pessoa não pode começar, quando esta chega à maioridade. É preciso planear e antecipar as situações. Um jovem que desde tenra idade frequentou a escola e aos 18 anos fica sem perspetiva, pode sentir-se perdido. A falta de atividade e rotina pode causar um grande desconforto, que pode levar desde uma tristeza até uma profunda depressão. É preciso começar a responsabilizar os agentes envolvidos, as escolas, o Estado e os pais. Todos somos responsáveis pelos projetos de vida menos conseguidos, quer por falta de intervenção, conhecimento ou recursos.
Devemos educar os nossos jovens para que se possam tornar adultos responsáveis, para isso precisamos de uma escola de qualidade e intervenção terapêutica séria e continuada.
poio e Capacitação de Jovens e Adultos com trissomia 21
Respeitar os direitos humanos e a individualidade de cada pessoa é a nossa máxima, tendo sempre como visão a capacitação e a convicção de que as pessoas com t21 são capazes de tomar as suas próprias decisões, de fazerem escolhas e tomarem opções, isto é, escolherem o seu destino e serem construtores do seu projeto de vida com o devido apoio.
As competências para o exercício da cidadania fomentam-se e aprendem-se. A aprendizagem começa no dia em que se nasce. É nossa obrigação criar condições para que todas as pessoas façam as suas escolhas. É preciso estimular a capacidade de observação e raciocínio. É preciso que as pessoas com t21 estejam em igualdade de oportunidades e condição relativamente às suas escolhas e decisões sobre a sua própria vida. Para que qualquer decisão seja feita em consciência pode haver necessidade de um apoio à sua tomada. Discute-se atualmente bastante, a existência de um “assistente pessoal” que conheça a pessoa, lhe simplifique as escolhas e lhe permita uma participação ativa relativamente à sua vida.
Não podem ser vedadas a nenhuma pessoa as tomadas de decisões sobre a sua vida por ter t21. É obrigação do Estado e da sociedade criar condições para que todas as pessoas tenham voz e possam emitir opiniões. Sabemos que este será um dos grandes desafios da Pais21.
A autonomia e capacitação de jovens com t21 não pode ser uma questão que se coloca apenas à entrada da idade adulta. É preciso construí-la desde o primeiro dia de vida, tal como com qualquer outro filho. Agir naturalmente e exigir a cada dia que passa um bocadinho mais.
Quando nasce um filho, temos sonhos e expectativas, e este processo não deve ser diferente, se esse filho tiver t21. Desde cedo devemos ter consciência que o bebé que agora seguramos ao colo, rapidamente será um jovem adulto com as mesmas necessidades das outras pessoas. Devemos incentivar os nossos filhos a fazerem as suas tarefas sozinhos, não fazer por eles e desresponsabilizá-los. Embora por vezes fosse mais rápido se fizéssemos as coisas pelos nossos filhos é preciso incentivá-los. Ninguém aprende sem experimentar. Deixe o seu filho fazer, experimentar, verá que a pouco e pouco será capaz. Pode ainda, em conjunto com os técnicos que acompanham o seu filho, desenvolver uma lista de prioridades, delinear objetivos atingíveis e concretizáveis para evitar a frustração, quer sua, quer do seu filho. Nunca deixe a responsabilidade da aprendizagem do seu filho totalmente nas mãos de terceiros. Somos nós que melhor conhecemos o nosso filho, a nossa família e as nossas expectativas. Sejamos proactivos.
A nossa adoração e amor pelo nosso filho, não pode servir de desculpa para a nossa passividade. Não podemos aceitar que nos digam que há limites, até onde chegar. Não podemos aceitar a ideia ultrapassada que determinados conhecimentos têm de ser atingidos até determinada idade. A plasticidade do cérebro permite aprender toda a vida e quanto mais cedo começarmos, melhor. Sejamos otimistas e acreditemos nas capacidades dos nossos filhos com t21, sejam elas quais forem. Não estamos só perante este desafio.
Se as coisas não estiverem a acontecer como idealizou, não desanime, cada criança tem o seu tempo e as suas próprias aptidões e capacidades. O que para uns será fácil, poderá ser mais difícil para outros. As crianças com t21 são bastante diferentes.
Neste contexto de capacitação, de estímulo precoce e ao longo da vida, a criação do grupo de autorrepresentação constituído por jovens adultos com t21 tornou-se um imperativo. Dar aos jovens a oportunidade de refletir sobre a sua vida, aprender a falar sobre o que querem para que tenham voz nos mais variados locais, nomeadamente em colóquios, ações de formação e perante decisores políticos. A máxima dos nossos jovens é o Nada sobre nós sem nós. (link – grupo)
O seu filho tem 18 anos e gostaria de participar no grupo de autorrepresentação? Entre em contacto connosco.
A imagem e o papel da pessoa com t21 está a mudar na nossa sociedade. Cada vez mais crianças e jovens conquistam o seu lugar. Sabemos que ainda existe muitas áreas em que as pessoas com t21 não têm as mesmas oportunidades ou ainda são discriminadas, nas escolas, nas atividades de tempos livres e nos locais de trabalho.
A nossa responsabilidade é tornar a nossa sociedade cada vez mais justa e inclusiva para todas as pessoas. Cabe a cada um de nós tornar-se um ativista em direitos humanos.
Residências como futuro
Adultos com uma vida rica e preenchida, emocional e profissionalmente, têm muitas vezes o desejo de terem a sua própria casa. Os adultos com t21 não são exceção nesta vontade de viverem a sua própria vida.
Tornar este modelo de vida independente, também em Portugal uma realidade para as pessoas com t21, será um dos nossos maiores desafios. Sabemos que os pais envelhecem e muitas vezes deixam de ser capazes de assumir o papel do cuidador. É preciso criar respostas enquanto os pais ainda são jovens e podem ajudar na decisão do tipo de vida que gostariam para os filhos. As decisões tomadas devem ter sempre como base o desejo da própria pessoa com t21. Embora seja difícil de aceitar, aquilo que os pais e famílias querem pode não ser o que a própria pessoa em questão quer.
Atualmente as únicas respostas existentes para adultos com t21 em Portugal são a institucionalização ou ficarem em casa. Depois de uma vida em comunidade na escola, chegada a idade adulta ainda não há respostas diversificadas de acordo com a necessidade, vontade e capacidade das pessoas.
A nossa responsabilidade é criar condições para que todas as pessoas possam viver com dignidade, independentemente do modelo de vida escolhido.
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